Cidades
Professor Cosme Rogério expõe racismo estrutural no PT de Palmeira dos Índios
A tarde desta terça-feira (21) foi marcada por um desabafo contundente do professor do IFAL Cosme Rogério, que utilizou as redes sociais para relembrar sua passagem pela Secretaria Municipal de Cultura, Turismo e Esporte de Palmeira dos Índios, cargo que ocupou há exatos 20 anos, e denunciar o que classificou como racismo estrutural dentro do PT municipal.
O professor, que assumiu a gestão da pasta aos 22 anos, destacou as diversas iniciativas pioneiras realizadas durante seu mandato de um ano e dois meses, como a modernização da Casa Museu Graciliano Ramos, a informatização da Biblioteca Pública, o auto-reconhecimento do povoado Tabacaria como comunidade quilombola, a criação do Festival Nacional da Pinha, entre outros projetos de impacto cultural e social.
No entanto, ao olhar para trás, Cosme Rogério apontou que sua trajetória foi marcada por barreiras internas dentro do próprio PT, que à época fazia parte da administração do prefeito Albérico Cordeiro. O professor revelou que, quando seu nome foi cogitado para a secretaria, foi imposto um processo burocrático de indicação, com lista tríplice, debates e votação interna entre os filiados do partido—método que, segundo ele, só foi adotado em dois casos: o dele e o da então secretária de Meio Ambiente, Salete Barbosa.
A crítica central de Cosme Rogério é clara: "Ouso dizer hoje que, se somente nós, negros e originários dos bairros empobrecidos da cidade, tivemos de passar por tal processo de ter de provar a nossa capacidade, enquanto outras pessoas só precisaram da indicação e do aval dos dirigentes partidários locais e do deputado Paulão, não foi porque o PT municipal fosse democrático. O nome disso é racismo."
O PT Municipal Sob Acusações de Racismo
A declaração do professor levanta um debate sensível e necessário dentro do partido que historicamente se coloca como defensor da igualdade racial e dos direitos das minorias. Para Cosme Rogério, a exigência de um processo seletivo interno apenas para negros e moradores da periferia evidencia um tratamento desigual dentro do próprio PT, que se autoproclama uma legenda popular e inclusiva.
O episódio coloca em xeque o compromisso real do partido com a equidade racial e a valorização de lideranças negras. A denúncia de Cosme Rogério expõe um cenário no qual candidaturas e indicações para cargos estratégicos estariam condicionadas a um filtro velado, que, no final das contas, resultaria na manutenção do status quo dentro do partido.
O Silêncio do PT e a Repercussão da Denúncia
Até o momento, nenhuma liderança do PT de Palmeira dos Índios se pronunciou oficialmente sobre as declarações do professor Cosme Rogério. No entanto, a denúncia já repercute fortemente nos bastidores políticos do município, reacendendo o debate sobre a falta de representatividade negra dentro das estruturas partidárias e a prática de exclusão velada dentro da própria esquerda.
A fala do professor também toca em um ponto sensível para o partido em nível estadual e nacional: o quanto as lideranças petistas realmente abrem espaço para vozes negras e periféricas além do discurso político.
Diante do cenário exposto, a questão que fica é: o PT municipal responderá às acusações ou seguirá ignorando um problema que, segundo Cosme Rogério, persiste há décadas?
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